A
obra “Para toda a Eternidade: Conhecendo o Mundo de mãos dadas com a morte”,
foi escrita pela autora Caitlin Doughty, uma norte americana, proprietária de
uma agência funerária nos Estados Unidos da América.
Inicialmente
me chamou a atenção a dedicatória do livro “Para minha mãe e meu pai... E para todos
os pais que deixaram seus filhos esquisitos serem esquisitos.”
O
livro é simplesmente incrível, Caitlin viajou para diversos países em busca de
compreender como as pessoas lidam com a morte, o luto, e seus mortos em outras
culturas, o livro traz o relato e as descobertas feitas durante tais viagens.
A
bagagem cultural que o livro apresenta é espetacular, a leitura da obra nos faz
perceber como a morte é tratada de maneira distinta a partir de cada cultura.
Nós
ocidentais nos habituamos aos processos fúnebres cada vez mais distantes, via
de regra nossos entes queridos morrem nos hospitais, longe de casa e da
família, seus corpos são enviados para necrotérios, onde são lavados e passam
por processos químicos, realiza-se o velório com hora marcada para iniciar e
terminar e o corpo então é enterrado ou cremado. Há um distanciamento enorme
entre os familiares, amigos, entes queridos e o morto. Nós enquanto cidadãos
nos acostumamos a tais processos, e por vezes acreditamos que essa é a única
forma de lidar com o processo de morte. Entretanto, esta obra nos mostra o
quanto este pensamento é equivocado, em outras culturas os próprios familiares
cuidam de seus mortos, dão banho, vestem e se despedem sem pressa. Há os que
não querem ser enterrados em caixões da forma convencional e desejam que seus
corpos decomponham de forma natural em meio à natureza, e há equipes
especializadas para propiciar este processo. Há pessoas que não querem ser
cremadas da forma convencional, mas desejam despedir-se do mundo físico tendo
seu corpo cremado ao ar livre em piras, suas cinzas e pedaços de ossos são
levados para casa por seus familiares e amigos. Em determinadas etnias os
mortos são mumificados e permanecem por anos na residência onde moraram
enquanto vivos, o corpo é tratado por seus familiares com conservantes
naturais. Enfim, a morte é um processo natural da vida, porém a forma como os
indivíduos, e as sociedades lidam com ela é extremamente diversificada e
antagônica, os rituais e as crenças são distintos e extremamente curiosos.
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